quarta-feira, 14 de maio de 2008

'Remedinho' pra gripe feito por caipiras ganha o mundo


Na época da colonização, a cachaça era a bebida mais consumida nos canaviais do interior paulista. Para não ficar sem beber durante resfriados, alguns caipiras misturaravam limão e alho à branquinha para curar a gripe e molhar a garganta. O alho foi deixado de lado. Já a mistura cachaça e limão vingou.

Durante anos, porém, a cachaça com limão, chamada de ‘remedinho’ (expressão usada até hoje) ficou apenas nas rodas de amigos. Em 1954, a fábrica Cinzano fez um levantamento e viu que a bebida era consumida de forma industrial. Nascia a caipirinha, bebida feita por caipiras.

Mas a caipirinha made in Brasil, a original, é com cachaça e protegida por lei. Em 2002, o então presidente Fernando Henrique Cardoso assinou o decreto 4.072, que diz: "a bebida típica do brasil, exclusivamente elaborada com cachaça, limão e açúcar".

Quando os turistas estrangeiros chegam ao Brasil se lambuzam (e ficam tortos) com as caipirinhas. E a bebida ganhou o mundo. A Alemanha é o país que mais consome a cachaça brasileira. Em Berlim, a caipirinha é encontrada facilmente, mas é adoçada com açúcar mascavo. Como os alemães importam limões, a bebida sai cara: entre R$ 24 e R$ 47. Já em Portugal usam pouca cachaça e muito açúcar, mistura ruim e parecida com a dos americanos.

O próximo passo é a China. Um empresário do ramo de bebidas acredita no sucesso entre os olhos puxados. Afinal, os chineses estão acostumados a beber o moutai, aguardente com 56% de álcool. O teor etílico das cachaças varia de 38% a 54%.

Definitivamente, a caipirinha ganhou o mundo. E pensar que tudo começou como um 'remedinho' para gripe.