quarta-feira, 14 de maio de 2008

Bar do Gatão no meu querido bairro do Leme

No letreiro, um simpático gato preto; no balcão, cerveja gelada desde as primeiras horas da manhã, tira-gosto e sempre bom papo depois da praia. Mas, numa dessas rodas de conversa no Bar Gatão, na Rua Gustavo Sampaio, no Leme, tendo Nelsinho Rodrigues e sua Skol em lata como testemunhas, veio a revelação: a calmaria no bairro é apenas aparente. Depois dos tiroteios de maio, a situação no Chapeú Mangueira não é de extrema leveza.

O Bar Gatão é parada obrigatória dos moradores do Leme. Pela manhã, os mais coroas começam o trabalho logo cedo. Nelsinho, sua longa barba e os pitacos sobre o Fluminense estão sempre por lá; na hora do almoço, a galera encosta no balcão para cair dentro do prato feito, que, com bebida, não passa de R$ 10; à noite, rola uma mistura entre os que acabaram de sair da areia e os que estão pronto para sair para noitada. Moradores do Chapéu também param por ali. E lamentam.

Segundo algumas pessoas, depois que o tráfico na favela foi tomado por uma quadrilha rival, os moradores convivem com medo, sofrem esculachos e aturam cara feia dos bandidos. As biroscas fecham mais cedo. Volta e meia tiros são disparados a esmo levando tensão para a comunidade. Nada, porém, que diminua o movimento nos bares das ruas próximas. O Gatão vive cheio, às vezes rola uma batucada improvisada, e, na sexta-feira, a calçada fica movimentada. Fora do Gatão, os ratos fazem a festa.

Foi se o tempo de calmaria do bairro em que morei por 17 anos.