quarta-feira, 14 de maio de 2008

Casa da Cachaça




Uma pequena porta na Avenida Mem de Sá guarda uma grande história. Fundada em 1960, a Casa da Cachaça ficou sete meses fechada no ano passado, mas reabriu no dia 19 de outubro, com Paulo Rodrigues e o gerente João Belo à frente de mais de 800 marcas da branquinha. Do som, saem os acordes do samba, choro e grandes nomes da música popular brasileira.

Oswaldo, antigo dono, morreu em 2006, mas deixou vivo o legado da cachaça na Lapa. Os freqüentadores mais antigos chamam a casa de sarcófago da cachaça. No minúsculo recinto, com aspecto de pé-sujo, o clima é de nostalgia. Fotos de Madame Satã, desenhos de Carlos Zéfiro, o bravo São Jorge, o alambique, a antiquíssima máquina registradora, fundo sonoro com Nelson Cavaquinho, Aldir Blanc, Clara Nunes e mais dezenas de bambas, dão um charme especial ao ambiente.

São vendidas doses e garrafas de cachaça, com preços negociáveis na hora. A mais antiga é a Melado da Bahia, de 1962. Tem Rancheira, Isaura, Marimbondo, Germana, Beija-Flor, Salinas, Lua Cheia, Gengibre Afrodisíaco, Chalana e haja etc...nisso. Certa vez, o falecido Oswaldo riu de um cliente que perguntou: "Que cachaça o senhor tem aí?". As cervejas também merecem espaço: Brahma, Itaipava, Antarctica e Skol.

A Casa tem banquinhos de madeira e mesas na calçada à noite. Um pé-de-cachaça brotou no meio do bar e ostenta dezenas de garrafas do chão até o teto. Os clientes e amigos fiéis têm direito a Carteira do Cachaceiro, que traz algumas normas como: beber até o fígado agüentar, só beber em copo duplo e por aí vai. "Mantemos a tradição da casa. Temos música boa e centenas de cachaças. Eu mesmo sou um admirador da branquinha", afirma o gerente João Belo, gente boníssima.

Aos domingos, a partir das 16h, rola uma roda de samba e choro de primeira qualidade comandada por Rubinho, Pedro, João e companhia. O freguês ainda pode deixar sua filosofia de bar pregada num moral. Algumas merecem destaque. "Se o bar é bom o chope é cana", "Casa da Cachaça é meu fígado", "são muitos trópicos e psicotrópicos", "jamais aponte uma estrela para um idiota que ele pode olhar para o seu dedo", "em casa de malandro não existe corno", "viver pouco como rei ou muito como Zé?", entre outras.

Como tira-gosto, a pedida é o queijinho metido a palmito (realmente parece um palmito), que sai a R$ 1,50 a unidade. A nostalgia da casa está no ar, em cada detalhe, nas garrafas espalhas pelas paredes, penduradas aos montes no teto, nos rótulos que viraram adesivos. A casa é da boa. Entre e fique à vontade.



Casa da Cachaça - Avenida Mem de Sá, 110
Telefone: 2531-7219
De segunda a quinta-feira - Das 10h às 3h
Sexta e sábado - Das 10h às 7h
Domingo - horário flexível