terça-feira, 8 de julho de 2008

As alternativas ao CD para o DJ

Assim como em outras áreas, a tecnologia está trazendo alternativas para os DJs, fazendo com que um bom repertório agite a balada sem a necessidade do CDJ. É lógico que o resultado não chega nem perto do trabalho de um top, mas não faz ninguém perder a noite. A festa Batalha de iPods, que nasceu na França em 2005 e já é realizada em várias baladas no Brasil, é uma prova disso. Além das festas do projeto Nokia Mob Jam, em que DJs conceituados se aventuram com um celular. Até mesmo a noite de DJs do Tim Festival 2007 tem um exemplo, o Girl Talk, que só se apresenta com laptop. Por fim, chegou agora o Pacemaker, primeiro setup portátil de DJ. O !ObaOba preparou um Revistão com as novas tecnologias para qualquer pessoa com bom repertório bombar a pista.

iPod

"Open the pod bay door, Hal!". O filme clássico futurista de Stanley Kubrick, 2001: Uma Odisséia no Espaço, inspirou o nome do aparelhinho que causou uma revolução no modo como ouvimos música hoje. A mesma que começou com Napster e derruba grandes gravadoras.

Lançado em outubro de 2001, logo depois do acidente com as Torres Gêmeas, o iPod é considerado o lançamento mais arriscado da Apple. No entanto, mesmo com a comoção do povo americano, o aparelho virou febre no país e objeto de desejo no mundo inteiro, principalmente agora com o iPod Touch, semelhante ao iPhone.

Com capacidade para até 40 mil músicas, a nova linha de iPods vai aumentar o repertório dos DJs de festas, em que dois times equipados com iPods sobem no ringue montado na pista, inspirando o grito da galera. O time que conseguir fazer a balada gritar mais vence. Na casa carioca Dama de Ferro, sempre tem um convidado pilotando um Numark, que dá para mixar com dois iPods. Ao invés de apenas selecionar as músicas mais dançantes, essas mesas permitem fazer scratches em tempo real, mixar, etc.

O DJ André Maia, depois que ganhou o aparelho de um amigo que voltou dos Estados Unidos, uniu seu antigo de trabalho de DJ com seu novo "brinquedo": um Numark com mixer para dois iPods. Depois de tocar em alguns bares e para amigos na praia de Pipa, em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, começou a ser chamado para outras festas. A vantagem, diz ele, é que com dois iPods de 30GB ele tem um arsenal de até 30 mil músicas disponíveis. "Além disso, o mixer pode se acoplar a qualquer outro aparelho que toque CD ou vinis, TVs, mp3 players, PCs, entre outros", explica. No entanto, "esses primeiros mixers de iPods têm uma aceleração de música um tanto quanto comprometida, prejudicando muitas vezes a junção das músicas", pondera.

Fazendo a balada com o celular

O projeto Nokia Trends Mob Jam propõe agitar a pista de uma balada somente com um celular, o 5200, que tem espaço para até 2GB de música em mp3. Top DJs convidados encaram a proposta de interagir por meio de scratches, samples e bases eletrônicas.

Márcio Vermelho foi um dos vários DJs convidados para essa experiência, que achou interessante, mas tem suas ressalvas. "Acho divertido quando alguém com bom gosto e conseqüentemente um bom repertório em seu tocador de mp3s comanda uma festinha de amigos, ou algo do tipo. Mas é preciso caprichar para ficar legal, DJs profissionais precisam de um aparato técnico mínimo para tocar bem.", explica.

A produtora Lalai, sempre ligada nas tendências da noite e que trouxe a Batalha de iPods no Brasil, também acha que basta ter um bom repertório para agitar uma festa. Em recente discussão num site de música eletrônica, comentou: "eu não sou DJ mesmo, ponto final... E nunca deixei a pista parada, acho que não é um sinal tão ruim".

Laptop

Outro que não deixa a pista parada é o Girl Talk, que se apresentou no Tim Festival 2007. Ele é um exemplo das possibilidades que o laptop dá. Mesmo não se considerando um DJ, todos o rotulam como um. Ele entende, mas se explica: "Eu nunca mixei gravações. Sempre me baseei no laptop. Eu nunca toco a música de alguém de maneira inalterada. Eu nunca volto uma música para soltar num determinado ponto depois. Nos shows ao vivo, é exclusivamente meu material remixado. Eu mixo e junto cada parte da música individualmente: bumbo, caixa, vocais, melodia e assim vai. Meu mérito é fazer música que existe com suas próprias pernas. Algo que é novo, mas baseado em elementos reconhecíveis do material de outra pessoa. Eu não me sinto ofendido pelas pessoas que me chamam de DJ, mas eu sempre me senti mais próximo a artistas como John Oswald, Negativland e Kid 606.", explica.

Isso é possível com o ÁudioMulch, um software de composição em tempo real. Mas existem muitos outros softwares, como o Ableton Live e o Virtual DJ.